sábado, 15 de novembro de 2008

O quinto dia


Que uma cidade e um livro venham a se equivaler eu bem sei. Tomo ambos como feitos da mesma matéria, dotados de um tipo comum de perdição: aquela que se deseja alcançar. O resto do mundo não tem serventia, se é que sobra resto para além de uma cidade e de um livro, ambos também compostos de seus próprios restos, de tudo o que neles não encontrou caber a ainda assim os compõe.
Hoje eu fiz coisas boas e coisas ruins. Hoje eu tive muita raiva, mas a raiva não me tirou o apetite. Alimentei-me corretamente e nas horas certas. Não agredi ninguém, mas gritei quando estava sozinho. Vi uma imagem fotográfica borrada que, supus, tenha sido tirada em um dia muito quente. Temi pelo fotógrafo, que talvez seja um homem prestes a se perder.
Não conheço ainda quem tenha se perdido em uma cidade. Eu fui perdido de um livro.
Quem decide escrever sobre o tema arrisca-se demais. Quem não escreve sai da rinha.

Um comentário:

Cláudio Ribeiro disse...

Há rinhas que não deveriam ser jogadas, posto que uma vez iniciadas, têm a tragédia como horizonte certo...pois ultrapassemo-lo!